domingo, 13 de março de 2011

Literatura fantástica


Tida durante muito tempo como gênero menor, a literatura fantástica produziu, no entanto, obras de interesse universal. Na segunda metade do século XX, ganhou imensa popularidade a vertente fantástica latino-americana conhecida como realismo mágico.

Entendida como qualquer tipo de criação literária que não dê prioridade à representação realista, a literatura fantástica engloba mitos, lendas, contos de fada, contos folclóricos, escritos surrealistas, contos de horror etc. -- e qualquer texto que se situe em territórios diferentes da realidade imediata ao ser humano. Mais propriamente do que gênero literário, a literatura fantástica é uma tendência, observada ao longo de toda a história da literatura.

Literatura de horror


A literatura de horror se caracteriza por levar o leitor a aceitar a verossimilhança do inacreditável e a aderir emocionalmente à atmosfera angustiante ou sobrenatural sugerida pelo autor.

Pode-se fixar em 1764 o início da literatura de horror, com a publicação de The Castle of Otranto (O castelo de Otranto), de Horace Walpole. O cenário da obra, um castelo do século XIII, deu nome ao romance gótico, típico da literatura de horror, cujos títulos mais célebres são The Mysteries of Udolpho (1794; Os mistérios de Udolpho), de Ann Radcliffe, e The Monk (1796; O monge), de Matthew Gregory Lewis.

Fenômeno da segunda metade do século XVIII, o romance gótico prolongou sua influência até o século seguinte. Uma de suas reminiscências típicas é The Haunters and the Haunted or The House of the Brain (Os assombradores e os assombrados ou A casa do cérebro), de Edward Bulwer-Lytton.

Albert Camus


Em seu esforço para encontrar um sentido para a vida humana sem recorrer ao dogmatismo nem a falsas esperanças, Albert Camus foi muitas vezes mal compreendido mas influenciou decisivamente sua geração intelectual e a seguinte.

Albert Camus nasceu em Mondovi, Argélia, em 7 de novembro de 1913. Com a morte do pai na batalha do Marne, durante a primeira guerra mundial, passou por sérias dificuldades econômicas junto com a família.

Conseguiu, no entanto, estudar filosofia na Universidade de Argel e exerceu várias profissões até se formar. Tuberculoso, não pôde trabalhar como professor e resolveu abraçar a carreira literária, que iniciou como jornalista e fundador do Théâtre du Travail. As agruras desses anos se refletem em suas primeiras obras, as coletâneas de ensaios L'Envers et l'endroit (1937; O avesso e o direito) e Noces (1938; Bodas).

Aldous Huxley

Intelectual culto e requintado, Huxley fez muito sucesso, nas décadas de 1930 e 1940, com uma série de romances de técnica em parte experimental, quase sempre comprometidos com a discussão de idéias. 
Anos mais tarde, adquiriu importância por ter antecipado elementos da contracultura das décadas de 1960 e 1970, como a rejeição do consumismo, as tendências anarquistas, o interesse pelo Oriente e as experiências místico-visionárias.

Aldous Leonard Huxley nasceu em 26 de julho de 1894 em Godalming, Surrey. Descendente de ilustre família, era neto do naturalista Thomas Henry Huxley, famoso defensor do darwinismo, filho do escritor Leonard Huxley e irmão do biólogo Julian Huxley e do fisiologista Andrew Fielding Huxley. Após estudar em Eton e Oxford, passou a dedicar-se à literatura e publicou alguns volumes de poesia, entre os quais Defeat of Youth (1918; Derrota da juventude).

O intruso

That night the Baron dreamt of many a wo; / And all his warrior-guests, with shade and form / Of witch and demon, and large coffin-worm, / Were long be-nightmared.
Keats
Pobre de quem da infância lembra apenas de seus medos e tristezas. Infeliz daquele que recorda as horas solitárias em salas vastas e sombrias com reposteiros marrons e loucas fileiras de livros arcaicos, ou as vigílias apavoradas nos bosques crepusculares de árvores imensas, grotescas, entulhadas de trepadeiras cuja rama entrelaçada agita-se silenciosa nas alturas longínquas.

Essa sina reservaram-me os deuses — a mim, o aturdido, o frustrado, o estéril, o prostrado. E, no entanto, me alegro e me aferro com voracidade a essas memórias fanadas quando meu espírito ameaça por um momento se atirar para o outro.

Não sei onde nasci, exceto que o castelo era muitíssimo velho e medonho, repleto de passagens sombrias e com tetos altos, onde tudo que os olhos conseguiam alcançar era teias de aranha e sombras. As pedras dos corredores em ruínas pareciam estar sempre úmidas demais e um cheiro execrável espalhava-se por tudo como se exalasse dos cadáveres empilhados das gerações passadas.

Estava sempre escuro e eu costumava acender velas e olhar fixamente para elas em busca de consolo, e o sol não brilhava no lado de fora com aquelas árvores terríveis elevando-se para além da mais alta torre acessível. Havia uma torre escura que subia além da copa das árvores para o céu invisível, mas uma parte dela havia ruído e não se podia galgá-la senão escalando as paredes abruptas, pedra por pedra.

Apuleio


A crise ideológica de Roma no século dos Antoninos, quando o ceticismo cortesão se entrelaçou ao crescente influxo dos cultos orientais, serviu de pano de fundo à elaboração da obra de Apuleio, notável figura da literatura, da retórica e da filosofia platônica de sua época.
Lúcio Apuleio nasceu em Madaura, na Numídia (moderna Argélia), por volta do ano 124. Educado em Cartago e Atenas, viajou pelo Mediterrâneo, interessando-se por ritos de iniciação como os associados ao culto da deusa egípcia Ísis.

Versátil e familiarizado com os autores gregos e latinos, ensinou retórica em Roma antes de regressar à África para casar-se com uma rica viúva, cuja família o acusou de ter recorrido à magia a fim de conquistar seu afeto. Para defender-se de tal acusação escreveu a Apologia (173), obra da qual emanam as informações disponíveis sobre sua vida.

Escreveu ainda diversos poemas e tratados, entre os quais Florida, coletânea de trabalhos de eloqüência, mas a obra que lhe deu fama foi a narrativa em prosa em 11 livros a que chamou Metamorfoses e se tornou conhecida como O asno de ouro. São aí relatadas as aventuras do jovem Lúcio, que é transformado por magia em burro e só recupera a forma humana graças à intervenção de Ísis, a cujo serviço se consagra.

O episódio mais destacado dessa obra-prima de Apuleio -- o único romance da antiguidade a chegar completo aos nossos dias -- é a bela fábula de "Amor e Psiquê", que pode ser interpretada como narração puramente estética ou, então, como alegoria da união mística. O episódio, aliás, destoa do estilo do romance em geral, pois este relaciona cenas grotescas, terrificantes, obscenas e, em parte, deliberadamente absurdas.

O tema de "Amor e Psiquê" foi retomado por muitos escritores, entre os quais, no século XIX, os poetas ingleses William Morris e Robert Bridges. Outras passagens de O asno de ouro reapareceram no Decameron, de Giovanni Bocaccio, no Don Quixote, de Miguel de Cervantes, e no Gil Blas de Alain Le Sage. Apuleio morreu em Cartago, provavelmente após o ano 170.

Fonte:Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Petrônio


Personagem de destaque na corte de Nero, o escritor romano Petrônio deixou um retrato sarcástico da sociedade romana do século I da era cristã na obra Satíricon, que mantém atualidade como crítica social e fonte documental.

Acredita-se que o autor do Satíricon tenha sido o mesmo Caio Petrônio o Árbitro que viveu em Roma e a quem se referiu o historiador romano Tácito em seus Anais (XVI, 18-19).

De família aristocrática, foi descrito como pessoa requintada, que amava os prazeres da mesa e da vida em geral, o que não o impediu de exercer com eficiência e retidão os cargos de governador da Bitínia, atual Turquia, e depois o de cônsul. Conselheiro de Nero, no ano 63, aproximadamente, foi por ele nomeado arbiter elegantiae (árbitro da elegância).

O romance de Petrônio, do qual só se conservam partes, é destituído de intenções moralistas e reproduz o ambiente romano de devassidão nos bordéis e nas estações de água, com seus parasitos, prostitutas, novos-ricos e literatos.

Narrado por um libertino que viaja com dois companheiros pelo sul da Itália, os capítulos mais famosos são a "Matrona de Éfeso" -- fonte de anedotas sobre as mulheres e de várias novelas e comédias -- e "O festim de Trimalcião" -- em que o dono da casa, ansioso por mostrar-se culto, cai no ridículo ao desfiar uma série de citações equivocadas.

A obra, talvez escrita com a intenção de ridicularizar a oposição burguesa e intelectual a Nero, é uma das origens da novela moderna e o primeiro romance realista da literatura universal. Serviu de inspiração ao filme Satíricon, dirigido em 1969 pelo cineasta italiano Federico Fellini.

Vítima de intriga, Petrônio foi condenado ao suicídio, acusado de participar na conspiração do ano 65 contra o imperador. Passou suas últimas horas numa festa, em Cumas. Nessa ocasião, catalogou os vícios de Nero e enviou-lhe a lista antes de cortar os pulsos, no ano 66.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Daniel Defoe


O profundo conhecimento da sociedade em que viveu e o talento para analisar os mínimos detalhes da existência cotidiana fizeram de Defoe um precursor do romance realista inglês.

Daniel Defoe nasceu em Londres em 1660. Membro de uma família dissidente da Igreja Anglicana, recebeu esmerada educação literária. Pretendia seguir a carreira eclesiástica, mas acabou se estabelecendo como comerciante por volta de 1683.

Atraído pela política, começou a escrever numerosos panfletos, um dos quais motivou seu encarceramento e a condenação ao pelourinho. Enquanto aguardava o cumprimento da pena, Defoe redigiu o célebre Hymn to the Pillory (1703; Hino ao pelourinho), que transformou a sentença num retumbante triunfo para ele. Contudo, ficou quase um ano preso em Newgate.

Uma vez livre, Defoe, cujos negócios estavam falidos, fundou em 1704 o periódico Review, de tendência conservadora, em que tratava de uma grande variedade de temas, e por isso foi considerado um precursor do jornalismo moderno. Decidindo-se pela literatura, publicou em 1719 Robinson Crusoe, romance que o tornou célebre.

Vazado em estilo realista e simples, inspirava-se na história verídica de Alexander Selkirk, marinheiro abandonado durante anos numa ilha deserta. A obra fez grande sucesso, embora, a princípio, fosse considerada apenas um relato de aventuras e só depois tenha assumido o caráter de símbolo do homem que enfrenta a natureza valendo-se apenas de suas forças e de sua razão.

Moll Flanders (1722) trazia o mesmo substrato moralista da obra anterior, mas graças à vivacidade da narrativa e à descrição realista da vida nas camadas inferiores da sociedade, constituiu um passo decisivo na história do romance social.

Em seus últimos anos de vida, o escritor manteve intensa atividade, mas tanto A Journal of the Plague Year (1722; Diário do ano da peste), minuciosa descrição dos horrores provocados em 1665 pela peste em Londres, quanto o romance Roxana (1724) são marcados por certa monotonia estilística.

Daniel Defoe morreu em Londres em 24 de abril de 1731.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Atena

Atena é a deusa grega da bravura, da sabedoria e dos trabalhos femininos, cujo nome pode estar relacionado com o proto-indo-europeu atta, "mãe". Os romanos a sincretizaram com sua deusa Minerva. Sua ave predileta era a coruja, simbolo de reflexão que domina as trevas e sua árvore favorita era a oliveira. Era descrita como alta, de traços serenos, mais solene e majestosa que bela. Era sempre descrita como de olhos garços (de cor clara, azul, verde ou cinzenta), característica considerada fisicamente pouco atraente por gregos e romanos.

Uma tabuinha em linear B, datando de 1500 a.C., menciona uma Atana potinija, antecipando-se em sete séculos à pótnia Athênaíê ("Atena Soberana") de Homero e sugerindo que ela era já a senhora das cidades em cuja Acrópole figurasse o seu Paládio.

Segundo a versão mais conhecida do mito, narrada por Hesíodo e enriquecida por detalhes acrescentados por Píndaro e Estesícoro, Zeus estava em guerra com os Gigantes, quando sua primeira esposa, Métis, ficou grávida. A conselho de Urano e Gaia, o senhor do Olimpo a engoliu pois, segundo a predição de seus avós se Métis tivesse uma filha e esta um filho, o neto arrebataria de Zeus o poder supremo.

Robert Louis Stevenson

Tido a princípio como ensaísta artificial e afetado, ou mero escritor de livros infantis, somente meio século após sua morte Stevenson passou a ser visto como autor vigoroso e original, que em seus ensaios e romances revela aguda percepção da alma humana.

Robert Louis Balfour Stevenson nasceu em 13 de novembro de 1850 em Edimburgo, Escócia. Filho de renomado engenheiro civil, recusou-se a seguir a profissão do pai e comprometeu-se a estudar direito, mas abandonou o curso para ser escritor.

Em 1873 viajou à França em busca de clima mais adequado ao tratamento dos problemas respiratórios que o atormentavam. Suas freqüentes viagens ao exterior, em especial à França, foram relatadas no livro de crônicas An Inland Voyage (1878; Uma viagem pelo interior) e Travels with a Donkey in the Cévennes (1879; Viagem com um asno nas Cévennes).

Charles Baudelaire

Baudelaire marcou com sua presença as últimas décadas do século XIX, influenciando a poesia internacional de tendência simbolista. De sua maneira de ser originaram-se na França os poetas "malditos". De sua obra derivaram os procedimentos anticonvencionais de Rimbaud e Lautréamont, a musicalidade de Verlaine, o intelectualismo de Mallarmé, a ironia coloquial de Corbière e Laforgue.

Poeta e crítico francês, Charles-Pierre Baudelaire nasceu em Paris em 9 de abril de 1821. Desavenças com o padrasto forçaram-no a interromper seus estudos, iniciados em Lyon, para uma viagem à Índia, que interrompeu nas ilhas Maurício.

Ao regressar, dissipou seus bens nos meios boêmios de Paris, onde conheceu a atriz Jeanne Duval, uma de suas musas. Outras seriam, depois, Mme. Sabatier e a atriz Marie Daubrun. Endividado, foi submetido a conselho judiciário pela família, que nomeou um tutor para controlar seus gastos. Baudelaire permaneceu sempre em conflito com esse tutor, Ancelle.

E. T. Hoffmann


Os tons macabros e sarcásticos que Hoffmann emprestou freqüentemente à narrativa romântica exerceram influência duradoura em toda literatura fantástica posterior.

Ernst Theodor Wilhelm Hoffmann (cujo penúltimo nome trocou para Amadeus em homenagem a Mozart) nasceu em 24 de janeiro de 1776 em Königsberg, Prússia (posteriormente Kaliningrado, Rússia).

Estudou direito e depois de ocupar vários cargos burocráticos tornou-se, em 1806, diretor de orquestra em Bamberg e em Dresden, já que, além de escritor, era excelente crítico musical e compositor de qualidades, autor do balé Arlequin (1811) e da ópera Undine (1816).

Em 1814 Hoffmann mudou-se para Berlim como juiz da corte de apelação. Iniciou a carreira literária com Phantasiestücke nach Callots Manier (1814-1815; Fantasias à maneira de Callot), coleção de contos fantásticos, seguidos do romance Elixieren des Teufels (1815-1816; As drogas do diabo).

O prestígio que lhe deram essas obras tornou-se ainda maior com a publicação de livros de contos como Nachtstücke (1817; Cenas noturnas) e Die Serapionsbrüder (1819-1821; Os irmãos Serapião). Neles predomina uma angustiante confusão entre o sono e a vigília, a vida real e o sobrenatural; e sinistros ou estranhos personagens irrompem na vida cotidiana dos seres humanos para marcá-los indelevelmente com sua presença.

A última obra do autor foi um romance, Lebensansichten des katers Murr nebst fragmentarischer Biographie des Kapellmeisters Johannes Kreisler (1820-1822; Opiniões do gato Murr, com uma biografia fragmentária do maestro Johannes Kreisler), magnífico exemplo de sua irônica capacidade de observação.

Suas obras de ficção inspiraram óperas e balés a compositores como Wagner, Hindemith e Offenbach ao criarem óperas e balés, e sob o título de Contos de Hoffmann tornaram-se leituras favoritas do grande público.

Hoffmann morreu em Berlim em 25 de junho de 1822.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Ariadne

Ariadne em Naxos, de Evelyn de Morgan (1877)
Ariadne, Ariagne, Ariane ou Ariana era a filha de Minos, rei de Creta e Pasífae. Apaixonou-se por Teseu e ajudou-o a derrotar o Minotauro, mas foi por ele abandonado. Entretanto, o deus Dioniso a viu e por ela se apaixonou, tornando-a sua esposa. Seu nome parece derivar de ari hadnê, "a mais sagrada"; a variante Ariagne significa ari hagnê, "a mais honrada". Em Roma, foi sincretizada com Líbera, a esposa de Líber, deus do vinho sincretizado com Dioniso.

Segundo a versão mais conhecida do mito, narrada por Ovídio, quando Teseu chegou a Cnossos para ser sacrificado ao Minotauro no intrincado Labirinto, mas com a esperança de derrotá-lo, Ariadne apaixonou-se pelo herói ateniense.

Ariadne deu-lhe, a conselho de Dédalo, um novelo de fios para que pudesse, após liquidar o Minotauro - também conhecido como Astérios e irmão de Ariadne -, encontrar o caminho de volta, façanha quase impossível. Teseu deveria desenrolá-lo, à medida que explorasse o Labirinto, o que lhe facilitaria a saída. Em troca, prometeu desposá-la e levá-la para Atenas.

Centauros

Centáurides coroam Afrodite", mosaico romano, Thurburbo Majus (Tunísia)
Os centauros são seres representados como parcialmente humanos e parcialmente eqüinos. Desde as mais antigas representações gregas, são pintados com um torso humano unido pela cintura à nuca de um cavalo. Às vezes, têm também as orelhas compridas e pontudas e os narizes chatos característicos dos sátiros.

São vistos muitas vezes como seres semi-animalescos, divididos entre uma natureza humana e outra animal. Outras vezes, também são vistos como encarnação da natureza selvagem, como em sua batalha com os lápitas. Entretanto, alguns centauros, como Quíron, fazem o papel de sábios mestres de heróis.

Fênix

A fênix era um pássaro sagrado do fogo na mitologia greco-romana, provavelmente inspirada pelo pássaro Bennu, garça divina da mitologia egípcia. A palavra "fênix" também tem sido usada como tradução de nomes de aves lendárias mais ou menos similares de outras culturas, tais como o pássaro de fogo das lendas russas, a fenghuang chinesa, a hou-ou japonesa e a simurgh da mitologia persa e sufi, à qual também foi atribuída a característica de incendiar-se e renascer.

Os árabes mencionavam ainda a ave cinomolgus, provavelmente derivada da fênix, que construía seus ninhos de canela no alto das árvores. Contava-se que pessoas tentavam jogar pedras ou lançar flechas para derrubar o ninho e apoderar-se da valiosa canela.

Uma lenda também relacionada à fênix é a da ave avalerion, supostamente existente na Índia, da qual haveria um só casal que produziria dois ovos a cada 60 anos. Quando os ovos chocavam, os pais se afogavam voluntariamente.

O verdadeiro Indiana Jones

Coronel Fawcett
Percy Harrison Fawcett (1867 – 1925) foi um famoso arqueólogo e explorador britânico que desapareceu ao organizar uma expedição para procurar por uma civilização perdida na Serra do Roncador, Brasil. Nasceu em 1867 na cidade de Devon, Inglaterra.

Era também um agente do serviço secreto inglês,o MI6 e estava como agente duplo servindo a organização secreta The Seven Circle,recrutado pelo controvertido spymaster, o mágico MaskMelin, desde que esteve no Ceilão e tomou contato com os sábios que decodificaram a estatueta que lhe fora presenteada pelo escritor H. Rider Haggard.

Era também amigo do escritor Arthur Conan Doyle, que mais tarde utilizaram suas histórias como base para escreverem a obra "Lost World". Suas histórias também serviram de inspiração supostamente para a criação de aventuras envolvendo o personagem Indiana Jones.

Cidades Perdidas no Brasil

Cel. Fawcett, desbravador
Na seção de manuscritos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, existe um documento de pouco mais de dez páginas, classificado sob o número 512, que foi descoberto em 1838 por um secretário do Instituto Histórico e que descreve detalhadamente uma imensa cidade abandonada no interior da Bahia.

A localização é imprecisa, mas a região apontada é a mesma onde antigos viajantes afirmam ter encontrado altos muros e ruas calçadas de grandes pedras. Com a invasão do mato, a cidade só é notada pelo viajante que venha a atravessá-la, sendo muito possível passar nas suas proximidades sem perceber sua existência.

Edith Wharton


A escritora americana Edith Wharton ganhou fama por seus romances e contos que descrevem os costumes de uma elite hipócrita e convencional, na qual ela nasceu e viveu.

Edith Newbold Jones nasceu em 24 de janeiro de 1862 na cidade de Nova York. Educada em casa e na Europa, em 1885 casou com Edward Wharton, banqueiro de Boston.

Suas primeiras obras de ficção foram contos, aos quais se seguiu o sucesso do primeiro romance, The Valley of Decision (1902; O vale da decisão). Consolidou sua fama com a publicação do romance seguinte, The House of Mirth (1905; A casa da alegria).

Nas décadas de 1920 e 1930 publicou outros romances, além de livros de contos e estética literária.

As melhores obras de Edith Wharton são Madame de Treymes (1907), que mostra a influência de Henry James; o popular Ethan Frome (1911), único sobre a classe média, atualmente exaltado pela crítica; The Reef (1912; O recife) e The Custom of the Country (1913; O costume do país), em que trata da falsidade dos ricos; e Age of Innocence (1920; Era da inocência), que lhe garantiu o Prêmio Pulitzer e foi duas vezes adaptado para o cinema, em 1924 e 1994.

Das coletâneas de contos, a melhor é Xingu and Other Stories (1916; Xingu e outros contos).

Edith Wharton faleceu em Saint-Brice-sous-Forêt, França, em 11 de agosto de 1937.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

A bola de fogo na Sibéria


O norte da Sibéria, com os seus invernos rigorosos e verões escaldantes nas primeiras horas de uma manhã de junho constituem um momento que merece ser apreciado. O agricultor Sergei Semenov fizera um intervalo no trabalho que executava no seu campo de trigo para gozar alguns momentos de descanso, ao sol, à porta de sua casa.

Passavam alguns minutos das 7h da manhã do dia 30 de Junho de 1908 e a Semenov, muitos quilômetros de distância da febre revolucionária que começava a varrer o país, parecia-lhe um bom tempo para estar vivo.

Sátiros

Os sátiros, na mitologia grega, eram divindades menores da natureza com o aspecto de homens com cauda e orelhas de asno, narizes chatos, lábios grossos, barbas longas e órgãos sexuais de dimensões acima da média, muito freqüentemente mostrados em ereção.

Viviam nos campos e bosques e tinham relações sexuais com as ninfas (principalmente as mênades, que a eles se juntavam no cortejo de Dionísio ou Dioniso), mas também com mulheres e rapazes humanos. Apreciavam a companhia de Dionísio, o vinho, a música e as orgias. Dançavam ao som de flautas (auloi), címbalos, castanholas e gaitas de foles.

Franz Kafka


A desesperança e a alienação do homem moderno, imerso num mundo que não consegue compreender, estão magistralmente descritas na obra de Kafka, escritor tcheco de expressão alemã.

Franz Kafka nasceu em Praga, então pertencente ao império austro-húngaro, em 3 de julho de 1883, de família judia remediada. Sua infância e adolescência foram marcadas pela figura dominadora do pai, comerciante próspero, para quem apenas o sucesso material contava.

Festival

Efficiut Daemones, ut quae non sunt, sic tamen quasi sint, conspicienda bominibus exhibeant. (Lactantius)

Eu estava longe de casa, e o feitiço do mar oriental havia caído sobre mim. Ao crepúsculo, eu o ouvia batendo nas rochas e sabia que ele ficava logo depois do monte onde os salgueiros se contorciam contra o céu claro e as primeiras estrelas da noite. E como meus pais haviam me chamado para a velha cidade mais adiante, atravessei a neve rasa e necém-caída ao longo da estrada que subia até onde Aldebarã bailava por entre as árvores; na direção da cidade muito antiga, que eu nunca tinha visto, mas com a qual várias vezes sonhara.

Era o Yuletide, que os homens chamam de Natal, embora saibam em seus corações que é mais antigo que Belém e a Babilônia, mais velho que Mênfis e a Humanidade. Era o Yuletide, e eu havia vindo finalmente à antiga cidade costeira onde minha gente havia habitado e mantido a festividade mesmo nos velhos tempos, quando ela era proibida; onde eles também haviam instruído seus filhos a manterem o festival uma vez a cada século, para que a memória dos segredos primais não fosse esquecida. Minha gente era antiga, e já eram antigos mesmo quando esta terra foi colonizada, três séculos atrás. E eles eram estranhos, porque tinham vindo como um povo furtivo e obscuro dos jardins de papoulas narcóticas do sul, e falavam outra língua antes de aprenderem a língua dos pescadores de olhos azuis. E eles estavam dispersos, e compartilhavam apenas os rituais de mistérios que nenhum vivente poderia entender. Eu era o único que tinha voltado aquela noite à velha cidade pesqueira, como rezava a lenda que apenas os pobres e solitários lembravam.

O Abutre

Era um abutre que me dava grandes bicadas nos pés. Tinha já dilacerado sapatos e meias e penetrava- me a carne. De vez em quando, inquieto, esvoaçava à minha volta e depois regressava à faina. Passava por ali um senhor que observou a cena por momentos e me perguntou depois como eu podia suportar o abutre.
- É que estou sem defesa - respondi. - Ele veio e atacou-me. Claro que tentei lutar, estrangulá-lo mesmo, mas é muito forte, um bicho destes! Ia até saltar-me à cara, por isso preferi sacrificar os pés. Como vê, estão quase despedaçados.

- Mas deixar-se torturar dessa maneira! - disse o senhor. - Basta um tiro e pronto!

- Acha que sim? - disse eu. - Quer o senhor disparar o tiro?

- Certamente - disse o senhor. - É só ir a casa buscar a espingarda. Consegue agüentar meia hora?

- Não sei lhe dizer. - respondi.

Mas sentindo uma dor pavorosa, acrescentei:

- De qualquer modo, vá, peço-lhe.

- Bem - disse o senhor. - Vou o mais depressa possível.

O abutre escutara tranqüilamente a conversa, fitando-nos alternadamente. Vi então que ele percebera tudo. Elevou-se com um bater de asas e depois, empinando-se para tomar impulso, como um lançador de dardo, enfiou-me o bico pela boca até ao mais profundo do meu ser. Ao cair senti, com que alívio, que o abutre se engolfava impiedosamente nos abismos infinitos do meu sangue.

Irmãos Grimm


Os contos populares recolhidos pelos irmãos Grimm, como "João e Maria", "Branca de Neve e os sete anões" e "Os músicos de Bremen", têm encantado leitores de todas as idades e épocas. As duas coletâneas que prepararam constituem o marco inicial do estudo rigoroso do folclore.

Jacob Ludwig Carl e Wilhelm Carl Grimm nasceram em Hanau, Alemanha, em 4 de janeiro de 1785 e 24 de fevereiro de 1786, respectivamente. Estudaram direito na Universidade de Marburg mas notabilizaram-se como pesquisadores e filólogos.

Infuenciados pelo romantismo, reuniram cerca de 200 contos e lendas populares que publicaram sob o título de Kinder-und Hausmärchen (1812-1815; Contos de fadas para crianças). A obra, que incluía um importante aparato crítico, alcançou grande êxito no mundo todo e foi seguida de um trabalho de características semelhantes, Deutsche Sagen (1816-1818; Lendas alemãs).

Em 1819, Jacob Grimm deu início a uma obra de grande envergadura, a Deutsche Grammatik (1819-1837; Gramática alemã), na qual enunciou a "lei de Grimm", que estabelece o princípio da regularidade das leis fonéticas.

As pesquisas dos irmãos Grimm levaram ainda à descoberta da metafonia (história da palatização das vogais) e da apofonia (explicação das estruturas verbais a partir das variações vocálicas). Pode-se dizer que toda a germanística moderna deriva de sua obra.

Em 1829, os irmãos foram nomeados professores e bibliotecários da Universidade de Göttingen. Ali Jacob escreveu o tratado Deutsche Mythologie (1835; Mitologia alemã).

Em 1837 foram destituídos de seus cargos por terem assinado o protesto dos "sete de Göttingen", dirigido contra o rei de Hannover, por haver ele suprimido a constituição.

Depois de viverem três anos em Kassel, os irmãos Grimm mudaram-se para Berlim, onde iniciaram seu trabalho mais ambicioso: o Deutsches Wörterbuch (Dicionário alemão). A obra, cujo primeiro fascículo apareceu em 1852, não pôde ser terminada por eles.

Wilhelm Grimm morreu em Berlim, em 16 de dezembro de 1859. Jacob morreu na mesma cidade, em 20 de setembro de 1863.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Afrodite

O Nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli (1482–1486
A divindade Afrodite (do grego Ἀφροδίτη, Aphroditê) é a deusa grega do amor, do prazer e da beleza, identificada pelos romanos como Vênus. A murta, a romã, a maçã, a pomba, o pardal e o cisne são consagrados a ela .
Afrodite é uma deusa de características orientais, cujo culto foi provavelmente introduzido na Grécia pelos fenícios, a partir das suas feitorias. Uma delas estabeleceu-se na ilha de Cítera, próxima do Peloponeso. Os fenícios tiveram também uma colônia em Pafos, Chipre.

Sereias

No folclore, as sereias são seres aquáticos com a cabeça e o torso de uma mulher e a cauda de um peixe. Romances modernos de fantasia às vezes fazem suas metades inferiores serem mais semelhantes à de um golfinho.

A palavra "sereia" deriva do grego Σειρήν, Seirến, nome de um ser mitológico de aparência muito diferente, mas que também é chamado pelo mesmo nome. Os equivalentes masculinos das sereias são chamados de tritões nome de seres da mitologia grega que eram representados como homens-peixes e não estavam relacionados às antigas sirenas.

O silêncio das sereias


Prova de que até os meios insuficientes - infantis mesmo - podem servir à salvação:

Para se defender das sereias, Ulisses tapou os ouvidos com cera e se fez amarrar ao mastro. Naturalmente - e desde sempre - todos os viajantes poderiam ter feito coisa semelhante, exceto aqueles a quem as sereias já atraíam à distância; mas era sabido no mundo inteiro que isso não podia ajudar em nada.

Câmara Cascudo

"Queria saber a história de todas as cousas do campo e da cidade. Convivência dos humildes, sábios, analfabetos, sabedores dos segredos do Mar das Estrelas, dos morros silenciosos. Assombrações. Mistérios. Jamais abandonei o caminho que leva ao encantamento do passado. Pesquisas. Indagações. Confidências que hoje não têm preço." Câmara Cascudo recriou a atmosfera da sua meninice, revelando os interesses que desde então o levariam a se tomar dos mais respeitáveis pesquisadores do folclore e da etnografia de nosso país.
Luís da Câmara Cascudo, folclorista, escritor e professor, nasceu em Natal, RN, em 30/12/1898, e faleceu na mesma cidade, em 30/7/1986. Filho único do coronel Francisco Cascudo, da Guarda Nacional, em 1918 iniciou-se no jornalismo, publicando ensaios e crônicas no jornal A Imprensa, mantido por seu pai, em Natal.

No mesmo ano transferiu-se para Salvador BA, onde fez o curso de medicina até o 4° ano. Desistindo da carreira de médico, resolveu estudar direito em Recife PE, formando-se em 1928. Ainda nesse ano iniciou-se no magistério, começando como professor de história do Brasil no Ateneu Norte-Rio-Grandense, em Natal, cidade onde sempre residiu.

Gérard de Nerval


Contemporâneo de Victor Hugo, Musset e Lamartine, Nerval nada tem em comum com esses românticos franceses: como Edgar Allan Poe, cresceu de olhos postos na Alemanha de Hoffmann e foi um precursor do simbolismo, de Baudelaire e do surrealismo.

Gérard Labrunie, que adotou o pseudônimo Gérard de Nerval, nasceu em Paris em 22 de maio de 1808. Filho de um médico militar, perdeu a mãe aos dois anos e passou a infância junto ao avô, na região do Valois. Em 1822 foi estudar em Paris, onde freqüentou os círculos artísticos e dissipou a fortuna na boêmia. Aos vinte anos publicou uma tradução do Faust, de Goethe, que fascinou o autor.

Em 1934 Nerval viajou à Itália e, de volta, apaixonou-se pela atriz Jenny Colon, que se transformaria em imagem mítica das futuras obras do poeta. Nerval também viajou pela Alemanha e pelo Oriente Médio.

Na criação de Nerval, a sonoridade da linguagem acentua a magia de seu significado, em que se misturam influências cristãs e gregas, cabalísticas e orientais, sobretudo nos sonetos de Les Chimères (As quimeras), coletânea acrescida aos contos de Les Filles du feu (1854; As filhas do fogo), que incluem Sylvie, evocação transcendente do mundo de beleza e inocência da infância no Valois.

Ainda mais significativo, para muitos, é o romance Aurélia ou Le Rêve et la vie (1855; Aurélia ou O sonho e a vida), em que imagens da amada e da Virgem Maria se mesclam oniricamente. O melhor de sua obra foi realizado nos últimos anos, em que sofreu graves crises mentais e foi várias vezes internado, acabando por enforcar-se em Paris, em 26 de janeiro de 1855.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Horace Walpole


Dois fatos justificam a presença de Walpole na história da literatura inglesa: sua correspondência volumosa, que se tornou um clássico do gênero, e o livro The Castle of Otranto, que deu início à voga dos romances góticos, ou com temas de horror ambientados, a princípio, em tempos medievais.
Horace Walpole, filho do primeiro-ministro Robert Walpole e quarto conde de Orford, nasceu em Londres em 24 de setembro de 1717. Foi educado em Eton e Cambridge. Com o poeta Thomas Gray, viajou pela Itália e a França.

De 1741 a 1768 foi membro do Parlamento, mas não se destacou na vida política. A partir de 1747, fez de Strawberry Hill, sua residência em Twickenham, onde colecionou obras de arte, um ativo centro da revivescência gótica inglesa. Aí instalou também uma impressora, em que imprimiu seus escritos e os dos amigos mais íntimos.

Além de The Castle of Otranto (1765; O castelo de Otranto), escreveu livros sobre história política e sobre história da arte. Sua correspondência completa, com mais de três mil cartas, foi publicada em 42 volumes entre 1937 e 1980.

Horace Walpole morreu em Londres, em 2 de março de 1797.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Hans Christian Andersen


Com seu extraordinário talento para criar encantadores contos infantis, Andersen conquistou reconhecimento mundial e estimulou a imaginação de um sem-número de crianças e adultos.

Hans Christian Andersen nasceu em Odense, Dinamarca em 2 de abril de 1805, filho de um sapateiro e uma lavadeira. Menino sensível, preferia entreter-se sozinho e inventar histórias a brincar com outras crianças. Quando tinha 11 anos, seu pai morreu.

As dificuldades financeiras forçaram-no a tentar um ofício, mas sua índole introspectiva e delicada tornava-o alvo de zombaria entre os colegas. Aos 14 anos foi para Copenhague, disposto a fazer carreira no teatro, como cantor, dançarino ou ator. Conseguiu um lugar como extra, mas a inaptidão para essas artes levou-o a ser dispensado pouco depois. Nesse meio tempo obtivera a estima de alguns escritores e compositores, que o protegeram nas grandes privações materiais e forneceram-lhe meios, em 1828, de entrar para a universidade e completar os estudos.

Onde passar a noite?

Foi há muito tempo, em Novembro de 1456. A neve caía sobre Paris com uma rigorosa e implacável persistência; de onde em onde o vento fazia uma sortida e derramava-a em vertiginosos remoinhos; depois voltava uma trégua e os flocos punham-se a cair uns atrás dos outros no negrume da noite, silenciosos, tortuosos, intermináveis.
Os pobres que contemplavam a neve, olhando-a por debaixo das sobrancelhas umedecidas, pareciam perguntar-se a si mesmos de onde é que tudo aquilo viria.

Mestre François Villon, junto à janela de uma taberna, propusera, aquela noite, uma alternativa: não seria apenas Júpiter pagão depenando patos no Olimpo? Ou seriam os anjos celestes a mudar a pena? É certo que ele não passava de um pobre mestre de humanidades, prosseguia, e como aquilo era um problema que dizia respeito à divindade não se atrevia a tirar nenhuma conclusão. Um velho e néscio prior de Montargis que se achava no grupo presenteou o maroto do rapaz com uma garrafa de vinho em prêmio do motejo e das momices com que Villon o sublinhara, jurando, pelas suas barbas, brancas que, na idade de Villon, fora um perro tão irreverente como ele.

Dagon

Escrevo isso debaixo de uma tensão mental considerável já que esta noite poderei não estar mais vivo. Sem um centavo e no final de meu suprimento da droga que, só ela, consegue tornar minha vida tolerável, já não consigo suportar a tortura e irei atirar-me dessa janela de sótão na rua esquálida lá em baixo.
Não pensem que minha dependência da morfina tenha-me tornado um fraco ou degenerado. Quando houverem lido estas páginas rabiscadas às pressas, poderão imaginar, mesmo sem nunca perceber plenamente, por que preciso do olvido ou da morte.

Foi num dos trechos mais abertos e pouco freqüentados do vasto Pacífico que o paquete onde eu era comissário de bordo foi capturado pelo vaso de guerra alemão. A grande guerra estava, então, em seu início, e as forças marítimas do bárbaro ainda não haviam mergulhado por completo em sua posterior degradação. Sendo assim, nossa embarcação foi tomada como legítima presa, enquanto nós, membros de sua tripulação, fomos tratados com toda a eqüidade e consideração que nos eram devidas como prisioneiros navais. Era tão liberal, de fato, a disciplina de nossos captores, que cinco dias depois de nos tomarem, consegui escapar, sozinho, num pequeno barco equipado com água e provisões para muito tempo.

Antikythera


Confeccionada em 82 a.C., esse verdadeiro planetário de bolso está exposto no Museu de Arqueologia de Atenas. A máquina reconstruída dispõe de mais de vinte rodinhas, um diferencial e uma coroa.

Em Antikythera, mergulhadores gregos à procura de esponjas encontraram, no ano de 1900, os destroços de um navio antigo, carregado de estátuas de mármore e bronze. Os tesouros artísticos foram guardados e investigações posteriores constataram que o navio deveria ter naufragado, mais ou menos, na época de Cristo.

Entre os objetos estava uma placa de bronze, com círculos, inscrições e engrenagens. Depois de tratada a peça revelou mostradores móveis, escalas complicadas e registros astronômicos.

Funcionamento: de um lado está um eixo que, quando gira, põe em movimento os ponteiros de todas as escalas a velocidades diferentes. Os ponteiros estão protegidos por tampos móveis, de bronze, sobre os quais existem longas inscrições.

O professor americano Solla Price interpretou o aparelho como uma espécie de 'computador', que poderia calcular os movimentos da Lua, do Sol e dos planetas.

A Máquina de Antikythera não deixa dúvidas de que, durante a Antigüidade, trabalhavam mecânicos de precisão de primeira classe. Além disso, o mecanismo é tão complicado que, provavelmente, não era o primeiro modelo da espécie.

Mas fica uma dúvida:...na época de Cristo ainda não existia a concepção de um céu com estrelas fixas, em movimento aparente, como conseqüência da rotação da Terra...

Fontes:

- Price, Derek J. de Solla, Gears from the Greeks: The Antikythera Mechanism- A Calendar Computer from ca.80 B.C., Science History Publications, 1975.

- Price, Derek J. de Solla, An Ancient Greek Computer, Scientific American, Vol. 200, No 6 (June 1959), pp. 60-67.

- Lazos D. Xristos, O Ypologistis ton Antikithiron, Ekdoseis Aiolos, Athens 1994.