quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O dia escuro de 1780


O fenômeno aconteceu em 19 de maio de 1780 na Nova Inglaterra (EUA) e Canadá, e foi conhecido como o Dark Day ou Dia Escuro. Pelo nome, você já entendeu: foi um dia escuro. Nos últimos 232 anos, historiadores e cientistas têm discutido a origem do evento: seria um vulcão, uma nuvem de fumaça, um asteroide, ou algo mais sinistro?

Com o pouco conhecimento da época, as pessoas estavam com medo, e alguns advogados de Connecticut (EUA) achavam que estava ocorrendo o Julgamento Final, principalmente porque nos dias anteriores, tanto o sol quanto a lua tiveram uma luz avermelhada. Mas o que poderia ter acontecido naquele dia de 1780?

O Departamento de Meteorologia apontou que uma nuvem espessa poderia baixar o suficiente para fazer as luzes das ruas acenderem e os carros terem que ligar os faróis. Mas é improvável que uma nuvem fosse capaz de causar todos os eventos do Dia Escuro. Um eclipse também foi descartado, por que esses eventos são previsíveis, e não há registro de um naquele dia. Além do mais, eclipses duram poucos minutos.

Outra possibilidade seria a erupção de um vulcão - a erupção do Eyjafjallajokull espalhou cinzas na atmosfera o suficiente para obrigar aeroportos a cancelarem pousos e decolagens por toda a Europa Setentrional. Além disso, as cinzas vulcânicas podem causar "dias amarelos". Só que não há registro de atividade vulcânica naquele ano de 1780, o que faz com que uma nuvem vulcânica seja improvável. E a queda de um asteroide também é improvável, embora não possa ser descartada.

A resposta para esse enigma pode estar nas árvores, acreditam alguns cientistas. Acadêmicos do Departamento de Silvicultura da Universidade do Missouri (EUA) analisaram troncos de árvores da Nova Inglaterra, em uma região em que prevalecem os ventos vindos do oeste. Eles encontraram anéis com marcas de incêndio datando daquela época.

O professor associado de geografia William Blake, da Universidade de Plymouth (EUA), aponta que houve uma seca na região em 1780, fazendo com que um incêndio seja provável. Mas um incêndio florestal poderia causar um escurecimento como o relatado?

O professor Blake conta que testemunhou incêndios na Austrália e que, quanto maior o incêndio, mais ele escurece o céu. E a combinação de fuligem e neblina pode fazer cair uma escuridão.

O relato de testemunhas oculares dá força à hipótese do incêndio florestal, já que alguns relatam que sentiram um cheiro estranho que parecia com o de uma casa de malte ou um forno a carvão.

O curioso é que dias escuros não são novidade. William Corliss, físico e cronista de eventos inexplicáveis, conseguiu reunir o relato de 46 dias escuros entre 1091 e 1971. Um deles assustou a população da mesma região em 1950, causado por um incêndio em Alberta (EUA). Algumas pessoas acharam que se tratava de um ataque nuclear ou um eclipse solar, pois a escuridão era tanta que parecia meia-noite para quem acordasse ao meio-dia.

E você, tem alguma outra explicação para o misterioso Dia Escuro?

Possível explicação: o clima ruim

Em maio de 1780 o sol não sumiu em todos os lugares, somente na Nova Inglaterra. Foi um fenômeno local e na verdade não envolveu diretamente o Sol. Até hoje essa região costuma ser palco de fenômenos climáticos inesperados, e foi exatamente isso o que aconteceu.

A famosa escuridão daquele dia foi resultado de uma densa nuvem de fumaça de incêndios florestais a oeste da Nova Inglaterra, tornando o céu diurno opaco à luz do Sol, mudando o comportamento dos animais e fazendo muitas pessoas crerem em ira divina.

O clima no noroeste da América do Norte permanece instável e surpreendente. Particularmente no mês de maio ocorrem incêndios florestais espontâneos e existe 60% de chances de um dia com céu limpo mudar repentinamente, podendo ocorrer desde neve até um tornado (embora a Nova Inglaterra não seja uma região de ocorrência típica dos tornados).

É que em maio começam os primeiros dias quentes após o rigoroso inverno dessa região. O solo começa a aquecer rapidamente – bem mais depressa que as regiões costeiras, ainda sujeitas aos ventos gelados do norte, que acabam trazendo brisas frias para o continente. O choque térmico costuma provocar densas neblinas – ou coisa muito pior

Fonte: BBC

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