Ainda hoje são muitas as regiões inexploradas do globo, e não é de se
 excluir que próximo de outros teatros de mistérios tremendas 
destruições sejam trazidas à luz do sol. Na Índia não deveriam ser 
poucos, tendo em vista as abundantes referências que se encontram nos 
livros antigos; e uma dessas plagas alucinantes poderia ser identificada
 com o "vale das sete mortes", cuja localização é mantida secreta pelas 
autoridades de Nova Délhi, na tentativa de evitar que algum louco, 
seduzido pelas lendas que falam de imensos tesouros, se entregue a uma 
aventura quase sempre fatal, como aconteceu aos companheiros de um tal 
Dickford, há setenta anos.
Graham Dickford era um daqueles 
aventureiros que pululavam no século passado, procurando alcançar 
riqueza de qualquer maneira, arriscando mesmo a própria vida ou, até 
mesmo, a dos outros.
Os funcionários britânicos na índia souberam
 da existência desse aventureiro em 1892, quando foi recolhido em 
míseras condições nos arredores de uma cidadezinha, e imediatamente 
internado num hospital. Em frases entrecortadas, Dickford contou ter 
escapado de uma experiência pavorosa: junto com outros colegas do seu 
tipo, o aventureiro conseguira localizar um misterioso vale no coração 
da selva e nele penetrar. Alguns indianos tinham-lhes contado que lá 
havia um templo abarrotado de fabulosos tesouros; mas ao invés da 
sonhada montanha de ouro e pedras preciosas, encontraram uma série de 
indescritíveis horrores.
Todos os seus companheiros morreram e, 
embora Dickford tivesse conseguido escapar aquele inferno, tinha as 
horas contadas: uma violenta febre o sacudia em contínuos tremores, 
sobre a cabeça ferida não restara um só fio de cabelo e o corpo estava 
coberto por terríveis queimaduras. Narrou a aventura em delírio, 
entremeado por gritos desesperados, falando num "grande fogo voador", de
 "sombras da noite", "fantasmas que matam com o olhar". As várias 
tentativas de se obter um relato compreensível foram vãs: de hora em 
hora a narrativa se tornava mais confusa e, três dias após ter sido 
encontrado, o aventureiro morria de maneira horrível, gritando e 
agitando-se a ponto de pôr em fuga, aterrorizados, os enfermeiros 
indianos.
A história de Graham Dickford foi a primeira notícia 
sobre o vale infernal. Ninguém o levou a sério, até que, em 1906, uma 
expedição organizada pelas autoridades britânicas confirmou o relatório 
do desditoso caçador de tesouros — pagando, no entanto, com duas vítimas
 a incursão ao que foi definido como "um caldeirão de bruxas da 
natureza".
Naquele ermo mortal reúnem-se os representantes das 
mais venenosas espécies de serpentes que a Índia hospeda, e também os 
monstros do reino vegetal se agrupam num amontoado de inúmeras plantas 
venenosas. Sobre esse horrível vale corre o "grande fogo voador" que o 
chefe da outra expedição assim descreve: "É suficiente acender uma 
pequena chama para que a terra seja sacudida por um estrondo infernal e 
nasça uma labareda que salta de um extremo ao outro do vale".
Muito
 estranha foi a circunstância em que os dois exploradores ingleses 
perderam a vida: descendo num estreito "funil", começaram a fazer 
movimentos curiosos, desordenados, para em seguida tombar no chão. Os 
companheiros se precipitaram em seu socorro, mas só puderam recuperar os
 cadáveres, tendo que abandonar rapidamente o local por causa do 
aparecimento de sintomas de atordoamento e sufocação. Durante a noite 
tiveram pesadelos terríveis, e um sentimento de inexplicável mal-estar 
se manteve por muitos dias.
Em 1911, uma segunda expedição 
penetrou no vale. Dos sete homens que entraram (todos veteranos da 
selva, habituados a qualquer perigo), somente dois voltaram: chegando ao
 centro de um espaço situado entre baixas colinas, os outros cinco de 
repente começaram a rodar em círculo, como autômatos, surdos aos 
chamados dos companheiros que se mantiveram fora da zona. Em seguida, 
caíram fulminados.
Um grupo de caçadores veteranos e decididos, 
que oito anos mais tarde entrou no "vale das sete mortes", encontrou 17 
esqueletos humanos. Nem essa expedição saiu intacta: três de seus 
componentes se atiraram, sem motivo aparente (até a alguns minutos 
estavam brincando e rindo com os outros), do topo de uma parede rochosa,
 indo espatifar-se sobre as rochas.
Alguns estudiosos acreditam 
poder explicar os sinistros fenômenos que se verificam no "caldeirão das
 bruxas", atribuindo-os a gases naturais, uns inflamáveis, outros 
capazes de bloquear os centros nervosos provocando colapsos mortais, e 
mencionando também jatos de vapor de ácido carbônico que, em um clima 
peculiar, favoreceriam o desenvolvimento de plantas venenosas e o 
aparecimento de serpentes.
"Coisas demais num espaço pequeno 
demais", dizia Einstein, embora não a esse respeito. Os argumentos 
expostos, de qualquer maneira, não são absolutamente satisfatórios, sem
 contar que os "fantasmas" de Dickford, que "matavam com o olhar", não 
encontram sequer uma simples tentativa de explicação.
Devemos 
tentar com a "teoria espacial"? Poderíamos então pensar numa série de 
assombrosos fenômenos provocados pelo emprego daquelas armas 
termonucleares e daqueles engenhos ainda mais poderosos, que as 
descrições dos antigos textos indianos permitem entrever... e voltar ao 
Vale da Morte americano, aos seus répteis rastejantes, lá onde nenhuma 
outra forma de vida poderia sobreviver, às suas árvores monstruosas, aos
 vapores irrespiráveis, às fantasmagóricas luzes que — segundo nos conta
 o Doutor Martin — "surgem de repente do chão, tomam formas que lembram,
 às vezes, as humanas, deslizam na noite, ora muito lentamente, ora como
 relâmpagos, serpeiam, erguem-se como chamas, artelhos, de colunas de 
fogo branco, arremessam-se contra o céu..."
___________________________________________________________________________
Fonte: KOLOSIMO, Peter - Antes dos Tempos Conhecidos -  Edições Melhoramentos - 4.a Edição  - 1968.

Nenhum comentário:
Postar um comentário